

O filme surgiu da necessidade de discutir a crise hídrica na cidade de São Paulo. Interessou-nos a quantidade de rios concretados, subterrâneos e calados. Interessamo-nos por suas histórias, seu entorno, pelas pessoas que vivem sobre eles, que lidam com eles cotidianamente. Saimos da zona oeste, percorremos o Córrego Água Preta, a Praça da Nascente, o Morringuinhos, o Tamanduateí e chegamos no extremo leste, como quem deságua, no braço do Tietê.
Na Liberdade, percorremos essa zona de castigos infligidos à população africana durante a escravidão, lugar de surgimento da Frente Negra Brasileira, das Baianas Teimosas, lugar de trânsito, de morada temporária de nordestinos, bolivianos e mais recentemente de refugiados sírios, palestinos, africanos, percorremos os rios das lavadeiras do centro, os rios que já encheram, por muitos anos o Glicério, buscando deságue e novos cursos.
Percorremos na Pompéia a região do Água Preta, do Córrego das Corujas e descobrimos rios que ganharam vazão, existência, que viraram lago, movimento, praça da Nascente.
Partimos para o Jardim Romano onde sentimos o Tietê potente, sujo, cheio que invade as casas e enfrenta a resistência igualmente potente de seus moradores.
Foram esses e tantos outros rios que alimentaram a criação do Submersa, seu peso, sua potência, sua fragilidade.